Quando chegou ao Brasil, em 1952, o frade dominicano Nazareno Confaloni trouxe para cá o que havia de mais moderno nas artes plásticas. Por tal iniciativa, ele representa um divisor de águas na história dessa prática em Goiás. Mais do que isso, o religioso fundou a Escola de Belas Artes desse estado, que depois se tornou parte da hoje PUC Goiás, e formou muitos discípulos que até hoje se lembram dele com nostalgia. Por tudo o que representa, foi inaugurada, no dia 30 de janeiro, a exposição Centenário Confaloni, na Galeria PUC, área 3, no Setor Universitário, que segue aberta ao público, gratuitamente, até o próximo dia 30 de março, de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 15h às 20h. As visitas podem ser agendas pelo telefone (62) 3946-1361.
A exposição conta com 51 pinturas a óleo e 20 reproduções de desenhos do artista italiano. Por ocasião da abertura, o diretor da Escola de Artes e Arquitetura da PUC Goiás, prof. Marcelo Granato, disse que a mostra é uma merecida homenagem ao frei Confaloni e às artes em Goiás. Rodeado de ex-alunos do dominicano, o professor disse que aquela noite representava o fruto da semente plantada por ele nestas terras, que brotou, e hoje tem diversos herdeiros. “Se eu pudesse dizer algo a Deus, diria que a semente vinda da Itália para Goiânia cresceu e gerou frutos maravilhosos aqui. Obrigado, Senhor!”.
O reitor da PUC Goiás, prof. Wolmir Amado, aproveitou o momento para tecer agradecimentos aos bispos da Arquidiocese, na pessoa de Dom Washington Cruz, e do bispo auxiliar presente, Dom Levi Bonatto; aos frades dominicanos, representados naquela noite pelo frei Marcos Sassateli; e aos professores e alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo que se dedicaram a montar a exposição, com a ajuda de diversos setores da universidade. “Este momento e este espaço são muito simbólicos, pois foi aqui que funcionou o ateliê do frei Confaloni e com certeza estamos neste momento na companhia espiritual dele, por isso, muito obrigado a todos os presentes”, agradeceu.
Dom Levi, antes da bênção, em poucas palavras, também fez uma reflexão espiritual sobre as obras do frade. “Santo Tomás de Aquino, outro famoso dominicano, dizia que o homem pode chegar a Deus pelas criações, e eu acredito que o que leva um religioso a pintar é justamente isto: o desejo que sua arte atinja o coração das pessoas e as conduza a Deus. Mesmo sendo uma arte moderna, com suas cores, cada vez que pensava em uma tela, talvez frei Confaloni fizesse uma oração ou dava glória a Deus, na esperança de que as pessoas que vissem seus quadros pensassem mais em Deus”.
Obras
Na mostra, é possível ver as mais diversas obras de frei Confaloni, principalmente as da década de 1970, época em que faleceu, que retratam sua religiosidade, com vários quadros sobre Madonas, freiras e frades; o cotidiano de Goiás e sua natureza; o enforcamento, que reproduz a angústia do artista pela ditadura brasileira que destruiu a vida de confrades, entre eles, o frei Tito, em 1974. O acervo pertence à PUC Goiás e aos frades dominicanos. A curadoria da exposição é da prof.ª Nancy de Melo Pereira e da aluna de Design Tainá Guimarães Coelho.