No dia 6 de agosto, a Arquidiocese de Goiânia realizou, no auditório João Paulo II, no Centro Pastoral Dom Fernando (CPDF), um momento formativo sobre os protocolos necessários para as atividades de evangelização. Com o tema “Cuidemos uns dos outros”, a palestra foi ministrada pelo Dr. Ronaldo Dayer, epidemiologista, mestre em Saúde Pública pela Fiocruz e médico do Ministério da Saúde. A formação teve o objetivo de indicar caminhos seguros para a retomada das atividades com responsabilidade, conhecimento, consciência e fé. O evento foi direcionado para padres, diáconos, gestores e funcionários da Cúria Metropolitana, bem como a funcionários do CPDF.
Dom Levi Bonatto, bispo auxiliar de Goiânia, foi quem apresentou o especialista e comentou as motivações da arquidiocese em realizar o evento, que foi transmitido ao vivo pelo Youtube. “O objetivo desta iniciativa é ajudar a prevenir e conscientizar as pessoas sobre o perigo da doença. Precisamos de prudência e cuidar do outro para que possamos sair bem deste momento tão difícil. Que essa preleção nos ajude, com a graça de Deus, a suportar essa adversidade. Com certeza, o conhecimento do Dr. Ronaldo Dayer nos ajudará bastante”, declarou.
O médico destacou, em sua fala, que é oportuna a iniciativa da Arquidiocese de Goiânia. Cuidar uns dos outros, segundo ele, é alicerçar as bases para a vida que queremos daqui para frente. Ele citou o Evangelho (Mt 14,13-21) do domingo, 2 de agosto, em que narra a multiplicação dos pães, para dizer que é preciso fazer como Jesus, cuidar de todos, principalmente daqueles que mais precisam, os menos favorecidos. “Nesta situação, os que mais sofrem são aqueles que têm menos recursos por uma série de fatores que os deixam vulneráveis à pandemia. Diante dessa tragédia humana, estamos aqui para nos fortalecer uns aos outros e ver o recrudescimento desse momento e retomar com novos hábitos”, afirmou.
Retomar as Atividades
Essa foi a frase que marcou a palestra do Dr. Ronaldo. É necessário voltar, mas com todos os cuidados indispensáveis porque a pandemia não irá ser sanada do dia para a noite. Na visão do epidemiologista, está havendo uma corrida sem precedentes pela vacina que imunizará contra a covid-19, mas o fator saúde, cuidado e consciência precisam estar em primeiro plano ante a busca por hegemonia. “Estamos assistindo a uma corrida, mas saúde não se faz apenas pela busca desenfreada. Alcançar uma vacina leva tempo, muitos testes, muita responsabilidade. Eu não acredito em uma vacina eficaz para este ano”, opinou.
Sabe-se muito pouco sobre a doença porque ela é muito nova. Sobre as sequelas, Dr. Ronaldo comentou que já é de conhecimento da ciência que ela pode atingir crianças e os adultos podem ter complicações posteriores, como AVC, problemas neurológicos e pulmonares, enfraquecimento da imunidade. “Precisamos de pelo menos um ano e meio a dois anos para conhecer bem a doença”, disse.
Projeções
De acordo com estudos da Universidade Federal de Goiás (UFG), os números de casos em Goiânia estão dentro das projeções, 2,5 mil casos confirmados até 5 de agosto, mas ainda não há platô, isto é, uma curva que começa a envergar, fazendo diminuir o número de casos. O pico da doença, no estado de Goiás, conforme as projeções da UFG deve acontecer em 30 de setembro.
Bairros mais afetados
1º – St. Bueno
2º – St. Oeste
3º – Jd. América
4º – Jd. Guanabara
5º – Jd. Novo Mundo
6º – Centro
7º – Jd. Goiás
8º – Parque Amazônia
9º – St. Pedro Ludovico
10º St. Leste Universitário
Retomada da Vida Cotidiana: Tempo de cuidar evangelizando e de evangelizar cuidando
Orientações – Dr. Ronaldo elogiou a cartilha produzida pela Arquidiocese de Goiânia para orientar a Cúria Metropolitana e demais interessados acerca do controle dos riscos de transmissão da covid-19 no ambiente de trabalho. Ele também fez elogios à forma como as paróquias, a partir das orientações da Arquidiocese, têm conduzido as celebrações, atentas aos cuidados necessários. Ele aproveitou a ocasião para reforçar esses cuidados, sobretudo com o uso dos EPIs.
Epis – As máscaras mais eficazes são as cirúrgicas e as N95, conforme Dr. Ronaldo, mas ele disse que aquelas confeccionadas em casa ou compradas em farmácias também são. Ele alertou apenas as pessoas a observarem as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), pois as máscaras são muito eficazes para interromper a transmissão do coronavírus. Para a limpeza das igrejas após as missas, ele orienta o uso de galochas e demais EPIs laváveis. “Todos os cuidados são necessários porque o vírus fica ativo por nove dias, sobretudo em superfícies metálicas. Ele não é um ser vivo, mas se desativa, se quebra com a higienização com álcool e/ou hipoclorito meio por cento”, explicou.
Isolamento – Isolar o portador da covid-19 é romper a transmissão. Dr. Ronaldo explicou que continua indispensável seguir os protocolos. Pessoas com febre, tosse, diarreia, dor abdominal, dores musculares ou fraqueza precisam ser encaminhadas imediatamente à unidade de saúde. As pessoas isoladas deverão ficar em um cômodo distante das demais, se possível, e usar objetos de uso individual.
Testes – O mais eficaz é o RT-PCR, que identifica as partículas do vírus. O teste rápido não identifica e acusa uma alta porcentagem de falso negativo.
Velórios – Devem durar de uma a duas horas, somente com a participação dos familiares e com o uso devido de máscaras. Dr. Ronaldo disse que precisamos nos adaptar ao novo normal para podermos passar pela fase mais difícil da pandemia. “Nossas vidas nunca mais serão as mesmas. Já vemos isso com o uso das novas tecnologias da informação para compra e venda, comunicação. Estima-se que 25% das empresas continuarão home office em 2021 e a educação deverá ser a distância daqui para frente ou híbrida (semipresencial). A retomada, portanto, já é uma realidade, mas dessa forma”, declarou o epidemiologista.
Melhores ou piores após a pandemia?
Por fim, o médico apresentou três tipos de exposição e questionou em qual delas nos encaixamos. Frágil, robusto ou antifrágil? Em seguida, ele explicou cada uma a partir do nosso comportamento psicológico.
Frágil – Ao passar por um estresse pós-traumático, a pessoa logo cai.
Robusto – Resiste por um tempo, mas depois cai.
Antifrágil – Diante de um estresse, no caso a pandemia, ele sobe, cresce e inova. “Precisamos ser antifrágeis, a exemplo do maior antifrágil que já existiu, que é Jesus Cristo”, destacou o estudioso. Ele também ressaltou que somente com capital social é possível vencer momentos de crise como esse. Isso se dá por meio de ações coletivas, cooperação, bens comuns, redes sociais, coesão e boas relações da família à nação. Um exemplo de capital social consolidado, conforme o médico, é a Alemanha, que conseguiu achatar a curva, o pico da doença não foi intenso e a transmissão está controlada.
Fonte: Arquidiocese de Goiânia. CLIQUE AQUI