Em mensagem, bispos do Regional Centro-Oeste da CNBB oferecem orientações sobre as eleições municipais 2020 em Goiás

Nesta quarta-feira, 30 de setembro, os bispos do Regional Centro-Oeste da CNBB (Goiás e Distrito Federal) divulgam mensagem sobre as eleições municipais 2020 em Goiás. No texto, os bispos, juntamente com os administradores diocesanos do regional, dirigem palavras de encorajamento e esperança à luz da fé em Jesus Cristo e deixam claro que “a Igreja não é partidária, mas busca conscientizar o eleitor e incentivar os fiéis leigos que se sentem chamados a representar o povo com um mandato político.”

A mensagem enfatiza que as eleições que se aproximam são uma nova oportunidade carregada de esperança na construção de municípios mais justos e solidários. Os bispos orientam também para a conscientização de que as eleições são um processo muito importante e indispensável para a comunidade. “Queremos colaborar com a formação de uma comunidade com pessoas exercendo diferentes funções, entre elas prefeito e vereadores, que sempre podem fazer um pouco mais pelo bem de todos. Além disso, cremos no Espírito Santo que continuamente assiste aqueles governantes que se deixam conduzir por Ele”.

Ao fim da mensagem, os bispos e administradores diocesanos oferecem algumas orientações práticas em vista do processo eleitoral como não dá crédito a candidatos que querem comprar voto; observar se o candidato defende ou não a dignidade da pessoa humana e da vida em todas as suas etapas, desde a concepção até a morte natural; desconfiar de candidatos com campanhas milionárias; observar se o candidato tem seu nome envolvido em corrupção ou fraude.

 

LEIA ABAIXO A MENSAGEM NA ÍNTEGRA

MENSAGEM DOS BISPOS DO REGIONAL CENTRO-OESTE DA CNBB
SOBRE AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2020 EM GOIÁS

“E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).

Caros fiéis, neste ano de eleições municipais, queremos lhes dirigir uma palavra de encorajamento e esperança. Fazemos isso à luz da fé em Jesus Cristo e movidos pela missão apostólica.

Percebemos uma redescoberta do interesse pelo debate político nos últimos anos em toda a população, o que é muito importante para a democracia. Encorajamos as pessoas de bem a assumirem funções públicas, com projetos inovadores que vislumbrem o bem-estar, a dignidade de todos e medidas que visem a superação dos desafios causados pela pandemia da Covid-19. Quanto aos leigos católicos, é pertinente o chamado do Papa Francisco: “é necessária uma nova presença de católicos na política na América Latina. Uma ‘nova presença’ que implique não só novos rostos nas campanhas eleitorais, mas também e sobretudo novos métodos que permitem forjar alternativas que sejam ao mesmo tempo críticas e construtivas. Alternativas que busquem sempre o bem possível, mesmo que seja modesto. Alternativas flexíveis, mas com uma clara identidade social e cristã” .

É ainda o Papa Francisco quem nos recorda: “a política não é a mera arte de administrar o poder, os recursos ou as crises. A política é uma vocação de serviço” . Aqui está um princípio a considerarmos ao elegermos prefeitos e vereadores: escolher pessoas cuja história de vida demonstra disposição a servir o município.

As novas eleições nos abrem a esperança da possibilidade de dar mais um passo na construção de um município mais justo e solidário. Embora certos de que nossa esperança se realiza plenamente para além das condições históricas, queremos colaborar com a formação de uma comunidade com pessoas exercendo diferentes funções, entre elas prefeito e vereadores, que sempre podem fazer um pouco mais pelo bem de todos. Além disso, cremos no Espírito Santo que continuamente assiste aqueles governantes que se deixam conduzir por Ele.

As eleições municipais são aquelas que mais envolvem as pessoas. Trata-se do debate das questões que tocam diretamente a vida e o dia-a-dia dos cidadãos. Os candidatos são mais conhecidos, pois transitam pelas ruas das cidades e podem inclusive fazer parte de algum grupo paroquial. O processo eleitoral no nível municipal por vezes costuma até mesmo dividir as comunidades paroquiais. Por isso, requer-se dos fiéis maturidade, união no que é essencial e respeito pela liberdade do outro.

Esperamos que haja diálogos e debates orientados pelo respeito, sinceridade intelectual, rejeição pelas notícias falsas e desejo e opção de alcançar o bem comum.

Por fim, nós, bispos e administradores diocesanos do Regional Centro-Oeste da CNBB, convidamos os fiéis católicos ao exercício da corresponsabilidade na construção de municípios justos e fraternos por meio do voto, da participação ativa no acompanhamento dos eleitos e na construção, implementação e fiscalização das políticas públicas junto aos novos prefeitos e vereadores.
Vale recordar que a Igreja não é partidária, mas busca conscientizar o eleitor e incentivar os fiéis leigos que se sentem chamados a representar o povo com um mandato político. Oferecemos abaixo algumas orientações em vista de um processo eleitoral pautado na ética e nos valores cristãos:

a) Não dê crédito a candidatos que querem comprar seu voto;
b) Observe se o candidato defende ou não a dignidade da pessoa humana e da vida em todas as suas etapas, desde a concepção até a morte natural;
c) Observe se o candidato tem seu nome envolvido em corrupção ou fraude;
d) Conheça o itinerário político do candidato; saiba se tem vida honesta e trajetória de vida pública limpa;
e) Conheça a proposta de atuação ou governo, se tem planos de ação consistentes, planejados e se é capaz de honrar tais projetos;
f) Esteja alerta sobre promessas fantasiosas, irrealizáveis, e discursos enganosos. Muitos usam a arte da oratória para fazer do povo refém, dependente de esmolas e benefícios imediatos;
g) Desconfie de candidatos com campanhas milionárias que, uma vez eleitos, poderão recuperar seus investimentos por vias desonestas.
h) Esteja atento:
a. Ao candidato “doril”: aquele que ganhou seu voto e sumiu. Também aquele que perdeu e só aparece na época da eleição;
b. Ao candidato “pele de cordeiro”: se diz preocupado com o bem do povo, mas depois não só tira a lã, mas “come a carne” pensando apenas nos seus interesses ou do seu grupo;
c. Ao candidato “camaleão”: aquele que muda de “cor” ou de lado conforme a conveniência, desde que ganhe ou não perca os seus privilégios.
i) Que, uma vez candidatos, os fiéis leigos não instrumentalizem sua liderança na ação evangelizadora da Igreja. Continua atual o salutar ensinamento da Igreja de que os sacerdotes e religiosos estão excluídos da possibilidade de serem candidatos.
j) Não espalhe notícias falsas (Fake News) de nenhum candidato.

Que a bênção do Deus Trino, perfeita comunidade, e o cuidado materno de Nossa Senhora Aparecida acompanhem nossos passos rumo a uma sociedade mais justa e fraterna.

 

MENSAGEM EM PDF. CLIQUE AQUI

 

Goiânia, 30 de setembro de 2020.

Bispos e Administradores Diocesanos do Regional Centro-Oeste da CNBB