Do alto dos seus 89 anos de vida, o arcebispo emérito de Goiânia, Dom Antonio Ribeiro de Oliveira, presidiu a missa em ação de graças pelos 54 anos de sua vida episcopal. A celebração aconteceu na Catedral Metropolitana Nossa Auxiliadora, foi concelebrada por diversos sacerdotes e contou com a participação de religiosos, leigos e autoridades públicas.
Em sua homilia, Dom Antonio se emocionou ao relembrar os dias que antecederam a sua ordenação presbiteral. E contou a todos o sentido de sua doação ao sacerdócio. “No retiro de três dias antes da minha ordenação presbiteral, eu levei um caderno para escrever, mas acabei não escrevendo nada, de tão emocionado que eu estava. Mas na última noite, sozinho no quarto, rezando, eu pensei ‘amanhã eu serei padre’ e escrevi: Jesus, fazei com que aquele que me encontrar, encontre a vós. Não sou padre para mim, não sou padre para qualquer homenagem de grandeza a alguém”.
Dom Antonio também lembrou que foi bispo auxiliar de Goiânia por 14 anos, bispo diocesano de Ipameri (GO) por 10 anos e Arcebispo de Goiânia por 16 anos e que deixou a gestão episcopal há 13. E declarou que continua com o mesmo pensamento de quando se preparava para ser padre. “Continuo padre com o mesmo pedido a Jesus: quem me encontrar, não fique em mim, mas encontre Jesus”. Ao final de sua fala, ele agradeceu a presença e o carinho de todos.
Homenagem
Por ocasião da data, o pároco da Paróquia Santo Antônio de Pádua, no Setor Negrão de Lima, na capital, padre Alaor Rodrigues de Aguiar, publicou o livro “Memórias históricas de Dom Antonio Ribeiro de Oliveira – Homem de oração e comunhão, de fé e de atitudes”. A obra foi distribuída após a missa. O sacerdote ainda aproveitou a ocasião para tecer algumas palavras ao arcebispo. “O emérito da Igreja particular de Goiânia conhecia cada uma das comunidades da Arquidiocese, sabia o nome de quase todas as pessoas que estavam à frente das pequenas comunidades nas periferias geográficas e humanas. Sua palavra era indutiva. Ele ficava alegre e sofria com pessoas de carne e ossos. Via e sentia de perto as alegrias, as esperanças, as tristezas e angústias das pessoas, das comunidades e de cada grupo aos quais ele mantinha atentos os ouvidos e o coração”.
Vários amigos do Dom Antonio participaram da celebração. Getúlio Vitorino, 65 anos, destacou o trabalho social desenvolvido pelo arcebispo. “Convivi com ele nas Pastorais Sociais e eu lembro com muita alegria o seu empenho em ajudar os mais necessitados, procurando sempre trazer as pessoas para participarem normalmente da sociedade”. Genoveva de Freitas, 65 anos, também trabalhou com o arcebispo na articulação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). “Aprendi com ele a incentivar e valorizar os leigos, priorizar a vivência comunitária para que a experiência de solidariedade e de partilha acontecesse no dia a dia”. Já Augusta Santos Antunes de Oliveira, 69 anos, destacou dois compromissos do Dom Antonio na Arquidiocese. “Um foi com os pobres e a transformação social e o outro o apoio aos leigos e às mulheres na Igreja de Goiânia”.
Atividades como bispo
Como bispo, foi auxiliar de Goiânia de 1961 a 1976; administrador apostólico de Goiás, de 1966 a 1967; administrador apostólico de Itumbiara de 1972 a 1973; membro da Comissão representativa da CNBB; membro Comissão Episcopal para Traduções de Textos Litúrgicos; membro do Conselho Estadual de Educação de Goiás; Padre Conciliar de 1962 a 1965; bispo de Ipameri de 1976 a 1986; membro do Conselho Fiscal da CNBB por dois mandatos; presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB, de 1987 a 1991, na época composta pelos Estados de Goiás e Tocantins e pelo Distrito Federal e por fim, arcebispo de Goiânia de 1986 a 2002. É autor do livro Semana Santa sem Padre, que escreveu na diocese de Ipameri e Carta Pastoral sobre Eleições, além de pronunciamentos e cartas circulares diversas. Seu lema episcopal é “Para que todos sejam um”.