Diocese de Uruaçu sedia Oestão das CEBs, em preparação ao 14º Intereclesial

De 21 a 24 de abril, a Diocese de Uruaçu (GO) acolheu o Oestão das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que reuniu cerca de 120 pessoas, de 11 dioceses e teve como tema, “CEBs: os desafios do mundo novo”, e lema, “Eu vi e ouvi os clamores do meu povo e desci para libertá-lo (Ex 3,7)”. O Oestão reúne os regionais Oeste I (Mato Grosso do Sul), Oeste II (Mato Grosso) e Centro-Oeste (Goiás e Distrito Federal), da CNBB. Foi realizado em preparação ao 14º Intereclesial, (o maior evento das comunidades eclesiais de base no país) e que acontecerá em janeiro do próximo ano, em Londrina (PR).

Durante o encontro, os participantes recordaram a caminhada das CEBs e houve um momento de silêncio por aqueles que perderam suas vidas, de modo especial os nove irmãos mortos no assentamento de Taquaruçu do Norte (MT). O assessor do Oestão, professor Sérgio Coutinho, que é historiador, fez junto com os presentes uma análise de conjuntura, a partir do método ver, julgar e agir. Diante do que está acontecendo no país, sobretudo nos campos sociais e políticos, ele destacou que se faz necessárias as palavras de Jesus, “Eu vim para que todos tenham vida” (Jo 10,10).

A Ditadura Militar de 1964 e a Nova República até o governo de Dilma Rousseff, marcaram uma era no país, segundo ele. “Para mim, em 2016, a Nova República terminou com o afastamento da presidente Dilma. Hoje não estamos mais vivendo um governo de coalizão de classes, mas um governo classista e anticlassista, sem nos esquecer também do PT que se envolveu nesse sistema por meio de alianças que trouxeram suas consequências”, declarou. Ele também fez uma análise das reformas: PEC 55, que limita os gastos públicos por 20 anos; a reforma da Previdência, que não possibilita a participação popular de forma alguma e levará os trabalhadores a se aposentarem apenas após contribuírem com a previdência por 49 anos e a reforma trabalhista, que prevê a redução de direitos e flexibiliza da terceirização. Conforme declarou o assessor, “do ponto de vista econômico está havendo um processo de desmonte no país com o processo de privatização de bancos públicos e estatais, além dos estados brasileiros”.

Houve também no Oestão reflexões sobre religião, com ênfase no Neopentecostalismo, o suposto comodismo da Igreja Católica e os caminhos que as CEBs querem traçar para envolver mais a juventude. O bispo diocesano de Uruaçu, Dom Messias dos Reis Silveira, disse que a comunhão é um elemento muito importante a se considerar. “Fiz uma carta à diocese convocando o povo de Deus à comunhão, pois precisamos ter a alegria de ser Igreja onde participamos. Às vezes esperamos muito dos padres, mas eles são poucos. A Igreja caminha sempre numa tensão”, disse. Segundo ele, é fundamental buscar juntos os sentidos da vida em Cristo que caminha com o seu povo. Dom Messias defendeu um diálogo aberto da Igreja com outras denominações, ressaltando que esse caminho já existe de maneira concreta com algumas. “Precisamos, acima de tudo, respeitá-los”, ponderou.