Nesta quinta-feira, dia 29 de junho, às 9h, a Comissão Pastoral da Terra Regional Goiás (CPT Goiás) lança no auditório 1 da Área 2 da PUC Goiás, o caderno Conflitos no Campo 2022 – Análise das ocorrências em Goiás.
A publicação reúne e analisa os dados registrados pelo Centro de Documentação Dom Tomás Balduino da Comissão Pastoral da Terra (Cedoc-CPT) sobre casos de violações de direitos de famílias, comunidades, povos e trabalhadores/as do campo ocorridos no estado durante o ano de 2022. O evento de lançamento conta com a participação de Dom João Justino, arcebispo de Goiânia e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); Dom Waldemar Passini Dalbello, bispo de Luziânia e presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB; e Dom Jeová Elias Ferreira, bispo da Diocese de Goiás.
Na atividade, serão apresentados os principais dados da publicação, que faz um recorte estadual dos dados do relatório anual da Comissão Pastoral da Terra, Conflitos no Campo Brasil 2022, lançado em 19 de abril deste ano, e será apresentada uma análise sobre a realidade do estado a partir dos casos registrados pelo Cedoc-CPT e acompanhados pela equipe regional da pastoral. Famílias de comunidades vítimas de violência também farão relatos sobre as ocorrências. Em seu conjunto, os registros mostram aumento no número e na gravidade dos conflitos no campo em Goiás no último ano.
Análise dos dados
Em comparação com 2021, as ocorrências relacionadas à posse da terra aumentaram 17,85%, passando de 46 para 58 registros, e o número de pessoas ameaçadas de morte no campo triplicou, passando de duas para seis ocorrências em 2022, o maior número de registros deste tipo de violência registrado nos últimos 20 anos (séries históricas 2003-2012 e 2013-2022). Em quatro delas, os alvos foram mulheres. A análise dos dados, apresentada na publicação, aponta que o aumento e agravamento das ocorrências estão relacionados às pressões decorrentes da expansão da fronteira agrícola latifundiária do agronegócio sobre terras e territórios ocupados por comunidades e povos do campo em Goiás, o que também se configura como o grande fator de desmatamento do Cerrado no estado.
Outro dado assustador está relacionado às ocorrências de trabalho rural análogo à escravidão. Em 2022, foram 258 trabalhadores resgatados em 15 casos, número que manteve Goiás, pelo segundo ano consecutivo, como segundo estado com maior número de trabalhadores resgatados do trabalho escravo em todo o país. Além das ocorrências de conflitos, a publicação também apresenta dados sobre ações de resistência das comunidades do campo pela permanência da terra, em defesa das práticas agroecológicas, contra a poluição e a contaminação dos territórios promovida pelos grandes empreendimentos de exploração dos recursos da terra etc. A publicação terá distribuição gratuita no evento e estará disponível para download, em formato digital, no site da CPT Goiás.
Informações e contato: Marilia da Silva – 62 9940-4656 / 62 98121-1924 comunicacptgo@gmail.com