Nos dias 2 a 6 de março, o Clero de quatro dioceses do Regional Centro-Oeste da CNBB (Goiás e Distrito Federal) estiveram em Retiro anual de presbíteros. Na Diocese de Rubiataba-Mozarlândia (GO), o clero se recolheu no Mosteiro Santa Cruz, em Anápolis, sob orientação do bispo diocesano de Limoeiro do Norte (CE) Dom André Vital Félix da Silva.
A palavra de inspiração para as meditações foi retirada dos textos paulinos: “Ai de mim se eu não evangelizar” (1Cor 9,16). Dom André introduziu o retiro lembrando aos padres que “o retiro é momento de recuperar os valores da nossa própria vida”. Partindo da experiência do Profeta Elias (1Rs 19,9ss), lembrou o cansaço do servo de Deus que, no meio das dificuldades da missão, acaba por refugiar-se com medo, aflito e desanimado. O profeta – como o sacerdote – precisa encontrar-se em Deus para poder renovar suas forças para continuar a missão.
O pregador destacou ainda a vocação especial do presbítero como homem de Deus, chamado a desempenhar não um papel, mas algo mais profundo: ser sinal de Cristo na Terra. O padre é aquele que desempenha as três missões de Cristo: mestre, sacerdote e pastor. Nesse sentido, o presbítero deve viver intensamente uma intimidade com o Senhor: “o sacerdote deve ser um homem comprometido com a Palavra de Deus, pois sua vida está centrada no seguimento a Jesus e ninguém pode seguir alguém que não se conhece, mas também impossível conhecê-lo sem amá-lo”.
Além dos momentos de meditação, o retiro também foi marcado por momentos de espiritualidade como Adoração ao Santíssimo, contemplação da Via-Sacra, celebração, penitência sendo a Santa Missa o ápice de toda experiência do dia.
Diocese de Uruaçu
Na Diocese de Uruaçu (GO) o Retiro aconteceu no Santuário Nossa Senhora d’Abadia do Muquém, em Niquelândia (GO) com orientação do bispo prelado emérito do Marajó (PA) Dom Luís Azcona. O bispo centrou suas reflexões na perspectiva dos Atos dos Apóstolos falando sobre o Espírito Santo, a comunhão, o crucificado e a esperança. Em mensagem ao Clero, Dom Azcona disse que o Espírito Santo se fez presente no retiro. “Tenho a imensa alegria de proclamar como testemunha de que aqui foi derramado o Espírito Santo, a experiência do arrependimento, peço a alegria de sermos salvos, e na comunhão fraterna, recuperá-la ou reiniciá-la ou reconfirmá-la. Queridos irmãos presbíteros vocês são testemunhas da esperança, profetas da esperança, servidores da esperança. Com a minha bênção”.
O administrador diocesano de Uruaçu, padre Francisco Agamenilton ao fim do retiro, agradeceu a Dom Azcona e convidou a todos os padres para que esse retiro se faça frutífero para o ministério presbiteral. Já o coordenador da Pastoral Presbiteral da diocese, padre José Adeenes, o retiro foi um momento de reabastecimento e preparação para a Páscoa do Senhor. “Retornamos para as nossas comunidades com nova alegria, com uma nova esperança, com um novo pulsar em nossos corações pela ação do Espírito Santo”, afirmou. “O retiro foi uma experiência maravilhosa junto com o crucificado, um caminho de misericórdia, da ressurreição e do reavivamento e também da chama do dom de Deus que ele colocou em nossas vidas e em nossa história”, completou.
Dioceses de Ipameri e de Itumbiara
Há pelo menos 30 anos as Diocese de Ipameri e de Itumbiara (GO) realizam o Retiro anual de presbíteros juntas. Já a algum tempo acontece no Convento Mãe Dolorosa, em Goiânia e neste ano teve como orientador, o bispo de São João da Boa Vista (SP) Dom Antônio Emídio Vilar, que refletiu com os padres sobre o ministério do presbítero na Palavra, no altar e na caridade, apresentando assim a vocação e missão do padre de forma mais abrangente. O auxiliou nas reflexões, a nova Ratio Fundamentalis – O dom da vocação presbiteral, que trata da formação integral dos sacerdotes, além das sete homilias proferidas pelo papa Francisco de 2013 a 2019, na Quinta-feira Santa, na Missa Crismal. “Eu utilizei as homilias do Santo Padre, nos momentos de deserto do retiro, são excelentes textos, cada um deles com uma riqueza incalculável e esse material ajudou muito na reflexão de cada padre”, afirmou ele.
De acordo com Dom Vilar, o sentido do retiro dos padres está fundamento na preparação para a Páscoa do Senhor. “A Quaresma é um grande retiro de preparação para a Páscoa e nos incentiva com o povo de Deus à oração, ao jejum, à penitência, e sobretudo a caridade – a esmola na prática cristã. Neste momento, o padre também vive a fraternidade presbiteral, a missão que cada um tem que é comunhão, comunidade, vida de Igreja que os padres precisam alimentar entre eles. O retiro nos leva a estar com Jesus assim como os discípulos que se reúnem e é até mesmo um descanso estar com Jesus para junto dele se abastecer para viver todo esse tempo quaresmal, para a grande festa da Páscoa que empenha muito os padres. O retiro é este momento de descansar junto de Jesus o físico e também de se colocar em atitude mais orante, à luz da Palavra de Deus e as reflexões devem contribuir também para isso”, explicou.
Para o bispo da Diocese de Ipameri, Dom Francisco, o retiro é uma bênção que nos prepara para a Páscoa do Senhor. Ele também fez comentários sobre a realização do retiro na fraternidade das duas dioceses. “Graças a Deus essa experiência que vem de algum tempo entre as duas Dioceses de Itumbiara e de Ipameri nos ajudam a vivenciar essa experiência fraterna. É bonito a gente perceber a fraternidade entre dois cleros que se respeitam, colaboram, compartilham da experiência missionária de serem homens consagrados ao Senhor e nesse período especial da Quaresma, estamos diante da renovação na vida espiritual, por meio da intimidade com o Senhor.
Dom Fernando Brochini, bispo da Diocese de Itumbiara, disse que o retiro é um momento de abastecer-se e que agora, após essa semana, ele e os padres voltam às comunidades para continuar pondo em prática tudo aquilo que Deus plantou em seus corações. “O retiro é sempre um momento de graça de Deus. Retirar-se, descansar e orar. O pregador é aquele instrumento que Deus coloca para que nos conduza à oração, à reflexão, à tomada de caminho novamente daquilo que precisa transformar-se conforme a vontade de Deus e foi um retiro muito tranquilo. Dom Emídio Vilar conduziu na sua maneira tranquila de ser e nos mostrando o quanto Deus nos amou para estar com ele neste trabalho de evangelização, de santificação, para podermos também conduzir a santidade de todos os outros. É um retiro que está realmente produzindo seus frutos. Ao encerrar voltamos para nossas atividades ouvindo o Senhor lá em cima do Tabor dizendo, vamos descer que nosso lugar é lá, estar junto do povo. As homilias do papa Francisco, por ocasião da Quinta-feira Santa – das Missas do Crisma, também contribuíram muito e ele vai nos dizendo ‘ó sacerdotes consagrados a serviço do povo de Deus’, aquilo que realmente acreditamos que seja inspiração do Espírito como orientação para nós”, afirmou.