O ano de 2022 começou e várias mensagens surgem como bússolas para a caminhada cotidiana a partir das palavras do Papa Francisco nas celebrações e orações desde o último dia do ano. Francisco parte do Evangelho para anunciar ao mundo inteiro, assim como Maria, que mostra a todas as nações o seu Filho. É da Santa Mãe de Deus que também surgem indicações de atitudes importantes frente à realidade do “escândalo da manjedoura”. O pontífice ainda convidou a construir a paz.
Sigamos o Menino
Na celebração das primeiras vésperas da solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, no dia 31 de dezembro, quando também a Igreja rendeu ação de graças pelo ano que passou, o Papa Francisco indicou seguir o Menino Jesus. Ele, que é mostrado a todos por sua mãe, é o caminho que deve ser seguido e em quem deve ser colocada a confiança: “Sigamo-lo no caminho quotidiano: [Ele] dá plenitude ao tempo, dá sentido às obras e aos dias. Temos fé, nos momentos felizes e dolorosos: a esperança que Ele nos dá é a esperança que nunca desilude”.
Espanto cheio de gratidão
Falando sobre o Tempo do Natal, o Papa disse que a celebração da encarnação do verbo “que se fez carne e habitou entre nós” não deve ser ocorrer sem “espanto”. Em Maria e na Igreja, este espanto é cheio de gratidão:
“A gratidão da Mãe que, contemplando o Filho, sente a proximidade de Deus, sente que Deus não abandonou o seu povo, que Deus veio, que Deus está perto, é Deus conosco. Os problemas não desapareceram, não faltaram as dificuldades e as preocupações, mas não estamos só: o Pai “enviou o seu Filho” ( Gl 4, 4) para nos resgatar da escravidão do pecado e restaurar a nossa dignidade de filhos”
Aprender de Maria
Na celebração da solenidade de Maria, Mãe de Deus, o Papa Francisco sugeriu aprender de Nossa Senhora a atitude de “guardar meditando”. Como mãe, Maria teve de suportar o que Francisco chamou de “escândalo da manjedoura”, também ligado ao que se vive entre “expectativa e realidade”.
Antes da visita dos pastores narrada no Evangelho do primeiro dia do ano, houve o anúncio do anjo com palavras solenes, falando-Lhe do trono de Davi (cf. Lc 1, 31-32), e após o nascimento, o menino acaba tendo de ser colocado numa manjedoura para animais.
‘Como harmonizar o trono do rei e a pobre manjedoura? Como conciliar a glória do Altíssimo e a miséria dum estábulo? Pensemos no desconsolo da Mãe de Deus. Que há de mais duro, para uma mãe, do que ver o seu filho sofrer a miséria? É caso para se sentir desconsolado. Não se poderia censurar Maria, se Se lamentasse de toda aquela desolação inesperada. Ela, porém, não perde a coragem. Não Se queixa, mas está em silêncio. Em vez dos nossos queixumes, opta por uma saída diversa: «Quanto a Maria – diz o Evangelho –, guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração» (Lc 2, 19)”, sublinha Francisco.
O Papa ensina que a cada um, que também pode ter de suportar certos “escândalos da manjedoura”, é possível tirar proveito da colisão entre expectativa e realidade. E isso pode acontecer também na fé, “quando a alegria do Evangelho é posta à prova numa situação difícil por que passamos”.
Olhar materno
No início do novo ano, está o “signo da Santa Mãe de Deus”, o olhar materno “para renascer e crescer”.
“As mães, as mulheres olham o mundo não para o explorar, mas para que tenha vida: olhando com o coração, conseguem manter juntos os sonhos e a realidade concreta, evitando as derivas do pragmatismo assético e da abstração. E a Igreja é mãe, é mãe assim! E a Igreja é mulher, é mulher assim!”
O Papa sugere que “coloquemo-nos sob a proteção desta mulher, a Santa Mãe de Deus, que é nossa mãe. Que Ela nos ajude a guardar e meditar tudo, sem ter medo das provações, na jubilosa certeza de que o Senhor é fiel e sabe transformar as cruzes em ressurreições”.
Deus nos encoraja
No Ângelus do dia 1º de janeiro, o Papa Francisco partilha a imagem do Evangelho, na qual “Deus que, nos braços da sua Mãe e deitado numa manjedoura, nos encoraja ternamente”. E é esse encorajamento necessário para o início de um novo ciclo, ainda na realidade da pandemia:
“Ainda vivemos tempos incertos e difíceis devido à pandemia. Muitos estão assustados com o futuro e sobrecarregados por situações sociais, problemas pessoais, perigos que provêm da crise ecológica, injustiças e desequilíbrios econômicos planetários. Olhando para Maria com o Filho nos braços, penso nas jovens mães e nos seus filhos que fogem das guerras e da fome ou que aguardam nos campos de refugiados. São tantos! E ao contemplarmos Maria que coloca Jesus na manjedoura, pondo-o à disposição de todos, lembremo-nos que o mundo muda e a vida de todos só melhora se nos colocarmos à disposição dos outros, sem esperar que eles comecem a fazê-lo. Se nos tornarmos artífices da fraternidade, seremos capazes de tecer os fios de um mundo dilacerado por guerras e violências.”
Construir a Paz
No Dia Mundial da Paz, Francisco também convidou a olhar não para o que divide, mas “para o bem que nos pode unir”, evitando a lamentação, mas arregaçando as mangas para construir a paz.
“No início do novo ano desejo a todos a paz, que é o compêndio de todo o bem. Paz!”
Confiar-nos ao Senhor
Mais um voto que pode ser extraído das palavras do Papa para o início de 2022 é a confiança em Deus.
“Nos bons e nos maus momentos, confiemo-nos a Ele, que é a nossa força e a nossa esperança. E não vos esqueçais: convidemos o Senhor para vir dentro de nós, para vir à nossa realidade, por pior que seja, como uma manjedoura: “Senhor, não gostaria que entrasses, mas olha para ela, permanece próximo”. Façamos isto”, sugere Francisco.
Foto: Vatican Media