Unidos no amor de Cristo, entramos no Advento. Ele marca o início do Ano Litúrgico e a preparação para a celebração do Natal do Senhor, enquanto esperamos a sua vinda gloriosa. A Igreja nos convida a vivenciarmos intensamente este primeiro tempo litúrgico para colhermos frutos abundantes.
Desde quando “a Palavra se fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1,14), o tempo foi assumido pela eternidade e não mais necessitamos morrer para nela entrar. Com a encarnação, a eternidade nos assumiu e, desde então, vivemos as suas primícias na espera do dia feliz sem fim quando plenamente possuiremos o que a eternidade significa.
Enquanto esse dia não chega, caminhamos em meio aos sinais sacramentais complementados pela fé. No decorrer do Ano Litúrgico as celebrações correspondem a um único mistério, Jesus Cristo. Isso ocorre inclusive quando se celebra o santo padroeiro. Dá-se a ele a honra, porém a exaltação corresponde a Deus que realizou maravilhas na vida do santo, alcançado pela páscoa do Senhor.
Se você deseja percorrer um itinerário formativo espiritual em vista do seu amadurecimento na fé, o Ano Litúrgico é um excelente modo. Como nos afirma a Sacrosanctum Concilium, “com esta recordação dos mistérios da Redenção, a Igreja oferece aos fiéis as riquezas das obras e merecimentos do seu Senhor, a ponto de os tornar como que presentes a todo o tempo, para que os fiéis, em contato com eles, se encham de graça” (n.102). O Ano Litúrgico é um caminho pedagógico-espiritual nos ritmos do tempo.
O segundo aspecto do Advento é a preparação para a vinda do Senhor: seu nascimento e a parusia. Em meio a tantas más notícias, o Advento aponta para a melhor e mais feliz notícia: “nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lc 2,11). Para acolhê-lo se faz necessária a preparação mediante a penitência e escuta da Palavra de Deus.
Os textos litúrgicos do Advento nos recordam o caráter provisório da condição espaço-temporal na qual nos encontramos e a consumação da história com a segunda vinda do Senhor. Eles também nos lembram o plano de salvação. Os textos sagrados, escolhidos e dispostos em quatro semanas, nos mostram o amor e a fidelidade de Deus expressos nas várias etapas de seu plano com o qual cooperaram homens e mulheres, com destaque para Maria, a Virgem de Nazaré. Tudo concorreu para que fôssemos perdoados, salvos da morte eterna e revestidos de uma nova vida.
Por fim, o Advento nos chama a “esperançar”. Esperamos dias melhores, ou seja, dias de paz, alegria, justiça, união, saúde e prosperidade. Todavia, a esperança cristã vai além. O cristão não espera pelos atributos de um sujeito. Ele espera o sujeito dos atributos. O cristão espera por alguém e não por aquilo que ele pode dar. A esperança cristã é espera por uma pessoa: Jesus Cristo. O resto lhe vem por acréscimo.
Assim, o Advento é início do Ano Litúrgico e tempo de preparação para celebrar o Natal de Jesus Cristo que nos abre a espera de sua segunda vinda. Enquanto aguardamos sua chegada, a Igreja aclama: “anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”
Feliz e abençoado Advento!
Dom Francisco Agamenilton Damascena
Bispo de Rubiataba-Mozarlândia – GO