Abertura do XXI Encontro Nacional da Pastoral da Educação tem reflexões sobre realidades educativas e eclesiais

Teve início na noite desta sexta-feira, 19 de agosto, com o tema “Pastoral da Educação: centralidade, identidades e missão”, o XXI Encontro Nacional da Pastoral da Educação (ENAPE) evento realizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e que segue até domingo, 21, no Centro Pastoral Dom Fernando (CPDF), em Goiânia.

O Encontro tem o objetivo de refletir, partilhar e traçar caminhos para fortalecer a presença evangelizadora nos múltiplos espaços educativos do Brasil. O arcebispo de Goiânia, Dom João Justino, declarou aberto o evento e disse que a Arquidiocese de Goiânia sente alegria e orgulho em sediar o Encontro que acontece em modo híbrido (presencial e on-line). Compuseram a mesa de abertura, a prof. Helenisa Maria Gomes, Pró-Reitora de Desenvolvimento Institucional da PUC Goiás; o frei Mário José Knapik, responsável pelo Setor Pastoral da Associação Nacional de Educação Católica (ANEC); o padre Max Costa, vigário episcopal para a Cultural e Educação da Arquidiocese de Goiânia; e o prof. Valdivino Ferreira, coordenador da Pastoral da Educação no Regional Centro-Oeste da CNBB.

Dom João agradeceu a todos os presentes e equipes de trabalho e comentou que nestes dias, o Encontro possibilitará a busca pelo entendimento da importância da Pastoral da Educação nas Igrejas Diocesanas. “As identidades, as muitas formas de realizar este pastoreio no âmbito da educação”. Ele destacou que a missão da Pastoral da Educação é que todos possam voltar para os seus regionais, dioceses e instituições e ensino, muito animados a fim de que tudo que foi partilhado no evento possa ser multiplicado. “Este encontro é para nos reconhecermos como pessoas que estão todas nesta mesma tarefa de olhar para a educação a partir da experiência com Jesus Cristo”, declarou.

Painel de abertura
Em um momento seguinte à fala do arcebispo de Goiânia, aconteceu o Painel de abertura com o tema “Escutar as realidades educativas e eclesiais”, e que teve como palestrantes o prof. Titular da PUC Goiás, José Carlos Libâneo; e o padre Danilo Pinto, da CNBB. “Vivemos um momento desastroso e alarmante do cenário educativo em nosso país”, enfatizou o prof. Libâneo no início de sua apresentação. De acordo com ele, desde 2016 foi iniciado o desmonte da educação brasileira com cortes de recursos públicos, militarização das escolas, vigilância de professores. A orientação curricular brasileira atual é baseada numa política de resultados. Conforme explicou, há uma série de problemas em nossa educação pública, que foi acentuada durante a pandemia, entre elas estão o investimento insuficiente, baixo salário dos professores e baixo desempenho escolar, currículo desvinculado da realidade social, alto índice de abandono e reprovação e falta do básico: computadores e internet para acompanhar o ensino nas plataformas.

O modelo de educação brasileira, afirmou o prof. Libâneo, é o neoliberal, cujo foco é o ensino baseado em testes, voltado exclusivamente para a preparação para o trabalho conforme as demandas da economia. Esse modelo é o contrário do progressista que é voltado para o desenvolvimento das capacidades humanas. O professor salientou que é preciso renascer um movimento de revalorização das escolas públicas. “É necessário redobrar as condições de funcionamento das escolas e trabalho dos professores, dar condições para o trabalho das coordenações pedagógicas, promover os sistemas de ensino presencial e on-line, dar maior atenção às relações interpessoais dos alunos, promover ações de formação social, política e moral ”, sublinhou. “Essas são as apostas que proponho para uma educação humanizante”, concluiu.

O padre Danilo, por sua vez, disse que para humanizar a educação brasileira e torná-la mais eficiente, é fundamental percorrer caminhos políticos, uma vez que a política é uma das formas mais nobres de caridade, pois visa o bem comum. O contexto é complexo, na visão do sacerdote, que apontou o Pacto Global como uma das formas de fazer emergir a nossa educação. Ao citar o papa Francisco, padre Danilo afirmou que é muito necessário “visitar as periferias existenciais” e buscar a “cultura do encontro”. Ele vê como positivo, as ações da Igreja por meio das pastorais que visam promover a educação nos ambientes mais vulneráveis. A CNBB, por exemplo, tem atuado em várias frentes, segundo o padre: através do Guia de acolhida de estudantes refugiados, em situações de sofrimento psíquico no ensino superior. A ANEC (Associação Nacional de Educação Católica) também tem desempenhado bem o seu trabalho por uma educação mais humana. “A organização pastoral da Igreja no Brasil está muito bem articulada e podemos nos aproveitar disso para dar passos na transformação da nossa educação”, disse. Padre Danilo citou mais dois pontos positivos neste atual cenário: a preocupação do papa Francisco com a educação e a prova disso é a presença constante do tema em suas cartas encíclicas e o Pacto Global. Já no Brasil, ele apontou a realização da terceira Campanha da Fraternidade sobre educação.

PROGRAMAÇÃO
O XXI Encontro Nacional da Pastoral da Educação continua neste sábado com a seguinte programação:

8h30 – Oração da Manhã
8h50 – Tema central do XX ENAPE – Mosaicos “Rostos e vozes da Pastoral da Educação”
11h30 – Encerramento da atividade
14h – Apresentação das iniciativas da CF2022 e do Pacto Educativo Global