De início foi apenas um murmúrio, mas algumas irmãs que correram ao Túmulo de Jesus o encontraram vazio. Estupor e tormenta perturbaram seus corações, mas alguém as recomendou de contar este fato a Simão Pedro e aos outros, dizendo-lhes que Ele havia Ressuscitado.
Elas voltaram e deram esta notícia. Encontraram somente Simão Pedro e João despertos. Os dois correram pelas ruas de Jerusalém para verem com os próprios olhos se de fato Jesus não estava lá.
Correram juntos, mas João, o mais amado, chegou primeiro. Aliás, é próprio do amor chegar antes. O amor corre sem empecilho ou desvio, ele apenas contempla o objeto amado, por isso João chegou primeiro.
É verdade, porém, que o amor é paciente. Não se envaidece nem é orgulhoso. Por isso parou na entrada do túmulo e esperou Simão Pedro chegar. Foi a Simão que Jesus mandou dar a notícia por primeira (Mc 16,7). Primeiro a ele, depois aos outros. Uma verdade candente em nosso tempo, quando muitos, movidos por carismas ou condições favoráveis, alardeiam-se a entrarem primeiro no túmulo. Expondo “verdades” que a Igreja ainda não atestou e levando muitos ao perigo do engano e da falsidade.
A pressa e a imprudência não são características do amor. Ele chega antes, é bem verdade, mas sabe sentar-se no pórtico e esperar quem é de direito para atestar a revelação. João chegou antes porque era o discípulo que Jesus amava e o amava igualmente de volta. Maria Madalena chegou primeiro porque muito amava. Em ambos os casos, nenhum arrogou para si a missão que não lhe pertencia.
O murmúrio virou fato, e as mulheres o viram vivo (Mt 28,9). Uma nova recomendação lhes foi dada. Jesus mandou que se alegrassem e espalhasse essa boa notícia aos discípulos e ao mundo.
Até os que já haviam esmorecido e estavam saindo de Jerusalém, retornaram (Lc 24,13). O Senhor foi ao encontro deles e, vivo de novo, deu-lhes coragem para retornarem ao caminho da missão. Alegria e paz começam a fecundar o mundo, e o medo da morte começa a se esvair.
Os mesmos homens que disseram antes, “A ele, porém, ninguém o viu”, abriram os olhos e reconheceram Jesus no caminho para Emaús.
É o Senhor! Parece não haver mais dúvidas, Ele está vivo e caminha novamente no meio de nós.
Essa história estava crescendo. Contaram muitas coisas sobre como Ele Ressuscitado repartiu e pão e se deu a conhecer. Estavam falando e se admirando com o pode de Deus, que abre os corações e desanuvia os olhos. Jesus, então, apareceu a todos os nossos irmãos mais de uma vez (Lc 24,36).
O Ressuscitado, agora, traz uma nova saudação: Pax vobis! A paz esteja convosco, é a paz que herdamos ainda hoje. É com ela que recuperamos o ânimo de viver neste mundo sem temer a mais nada.
A sua Ressurreição nos acalma e tranquiliza. Nenhuma missão é demasiadamente grande ou impossível, porque Ele caminha conosco. Esta experiência foi partilhada desde aqueles primeiros dias, quando retirados para pescar e sem conquistar o êxito esperado, os discípulos ouviram o que lhes ordenou Jesus Ressuscitado e lançaram a rede mais uma vez, ficando espantados e maravilhados. Desde o dia em que o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” (Jo 21,7), que nossa coragem foi elevada a outro patamar. Saímos das penumbras da fragilidade humana e com a alegria e paz resistimos até hoje naquele que foi o seu último mandamento para nós: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15).
Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO)