Mais uma vez a sociedade revive o movimento natalino. Tudo aponta para a grande festa que embora tenha origem e significado cristãos, nem sempre é celebrada com unção por muitas pessoas que nesses dias entram no embalo de um grande festejo. As cidades se enchem de luzes e cores que indicam a chegada do Natal. O interior da vida humana também precisa ser iluminado acolhendo aquele que é a ‘luz do mundo”. “O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz; aos que jaziam na região sombria da morte surgiu uma luz” (Mt 4,16). Eis o tempo do acolhimento do grande mistério da luz divina.
Nesta ocasião a Igreja conclama as pessoas para celebrarem o nascimento do Divino Salvador da humanidade. O Credo niceno-constatinopolitano, confessa: “E por nós homens, e para nossa salvação, desceu dos céus e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem” (CIC 456). Foi para a nossa salvação que o Verbo se fez carne.
É com a alegria de quem vê a salvação se aproximar que se deve celebrar o Natal. Neste sentido a humanidade pode fazer festa acolhendo a salvação chegada em Cristo. As pessoas devem se tornar festa, pois inspiradas no mistério do nascimento de Jesus devem como os anjos cantar “Glória a Deus no mais alto dos Céus e paz na terra aos homens que ele ama” (Lc 2,14). Tornar-se festa é ser causador de muita alegria e paz entre as pessoas. Para que esses dons espirituais se façam presentes não há necessidade de bens materiais e nem dinheiro, basta ter a simplicidade da acolhida do dom maior de Deus para a humanidade. Maria e José tinham quase nada, no entanto tendo passado pela porta santa da gruta de Belém apresentaram a misericórdia ao mundo e houve uma grande festa. A alegria alcançou os Céus e a terra, por isso os anjos cantaram. O primeiro lugar para se ver o Salvador foi a gruta de Belém. Ela era a primeira porta da misericórdia aberta ao mundo.
O Natal deste ano acontece bem no início do Ano Santo da Misericórdia. Maria quando visitou Isabel disse: “e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem” (Lc 1,50). Com o nascimento de Jesus a misericórdia adquiriu rosto humano. “Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai” (MV 1). O Natal deste ano pode ter uma perspectiva de misericórdia. Há muitas pessoas esperando o perdão para recomeçarem suas vidas. Há muitos casamentos em crise que poderão ser reconstruídos a partir da misericórdia. Muitos pessoas se afastaram da Igreja por falhas pessoais, ou de outras pessoas e somente voltarão se conseguirem perdoar. Muitos filhos pródigos se animarão a voltar sabendo que a Porta está aberta para os acolher. A misericórdia vai renovar a vida dos cristãos e de todas as pessoas de boa vontade. Tanto o Menino Jesus, como o crucificado com os braços abertos revelam o livre acesso às pessoas para participarem da vida divina.
O rosto da misericórdia que brilhou na manjedoura de Belém continua a procura das grutas frias, escuras e abafadas para nelas entrar e fazer resplandecer a vida nova.
Mais uma vez vai ser Natal. Permitamos que seja Natal em nós. Quanto mais vidas estiverem iluminadas por este grande mistério, melhor será viver na sociedade. É preciso caminhar e construir o amanhã, alimentando o sonho de cantar com os anjos que viram a glória de Deus brilhar na terra e nos céus. Celebremos com a alegria o Natal do Ano Santo da Misericórdia.
Feliz Natal e com Cristo na manjedoura do coração tenha feliz entrada no ano novo.
Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo da Diocese de Uruaçu – GO
Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB