A visita Ad Limina Apostolorum de 2020 dos bispos da CNBB caminha para o encerramento do seu primeiro grupo composto pelos membros do regional Centro-Oeste. Neste sábado, 15 de fevereiro, eles rezam missa na Domus Romana Sacerdotalis, o hotel onde se encontram, e depois visitam a Assinatura Apostólica. O domingo será um dia livre depois de muito trabalho na semana e na segunda-feira terminam a programação visitando o Pontificio Conselho para a Cultura.
Sexta-feira
Os bispos fizeram um grande giro nesta sexta-feira, 14 de fevereiro. O padre Francisco Agamenilton, Administrador Diocesano de Uruaçu, correspondente oficial da Visita, reumiu o dia da seguinte forma:
Missa
Iniciamos novamente nossa jornada com a celebração eucarística, às 6h15, presidida por Dom José Francisco, na capela do local onde estamos hospedados.
Dicastério para os Leigos, Família e Vida
Após o café da manhã, imediatamente partimos para a visita à um dos mais novos dicastérios criados por papa Francisco: o dicastério para os leigos, a família e a vida. Como diz o seu estatuto, sua função é promover a vida e o apostolado dos leigos, o cuidado pastoral dos jovens, da família e da sua missão, segundo o desígnio de Deus, e proteger e apoiar a vida humana. Fomos recebidos às 9h pelo secretário, Pe. Alexandre Awi Mello, brasileiro, e demais colaboradores na sua maioria leigos e leigas. Após a introdução feita pelo secretário, Dom Moacir iniciou o diálogo ao apresentar alguns pontos fortes do nosso laicato como é o caso do trabalho da pastoral familiar e movimentos eclesiais ligados à família. Durante a conversa, demonstramos nossa preocupação com a juventude nos setores da arte e dos esportes, as novas comunidades e a importância do trabalho em conjunto como catequese-juventude-família. O dicastério se demonstrou muito interessado em compartilhar com a Igreja em todo o mundo, via internet, as experiências exitosas no campo da pastoral dos leigos em geral.
Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral
Sucedeu a este encontro a reunião com os responsáveis do dicastério para o serviço do desenvolvimento humano integral. Fomos acolhidos às 10h30 pelo secretário Pe. Bruno Marie Duffé e seus colaboradores. Este é um dicastério também criado recentemente por papa Francisco e agrupa vários setores: justiça e paz, instituições católicas de caridade, os imigrantes e itinerantes, pastoral da saúde, ecologia, refugiados, tráfico de pessoas. Correspondeu a Dom Nélio apresentar os trabalhos sociais realizados pelas dioceses do Regional Centro-Oeste e assim iniciar o diálogo. Nós apresentamos questões referentes ao movimento migratório para a Europa, a pastoral da AIDS, depressão, suicídio. O secretário, Pe. Duffé, nos agradeceu pela acolhida dada às famílias venezuelanas e nos perguntou sobre os haitianos vindos para o Brasil, além de outros temas por ele abordados.
Pontifício Conselho para a Nova Evangelização
O último encontro da parte da manhã se deu no Pontifício Conselho para a Nova Evangelização. Compete a este conselho promover a nova evangelização, a catequese e a vida dos santuários. Às 12h fomos recebidos por dom Franz-Peter Tebartz-Van Elst, delegado do Conselho. Dom Eugéne fez a apresentação dos passos que temos dado no campo catequético. Recebemos a notícia do breve lançamento de um novo diretório para a Catequese. Apresentamos ainda o desafio da relação paróquia-santuário, a catequese litúrgica e as celebrações transmitidas pela TV, assim como o desafio de fazer acontecer no Brasil o Domingo da Palavra de Deus com o destaque merecido.
Pontifícia Comissão para a Tutela de Menores
À tarde visitamos um único departamento da Santa Sé: a Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores. Fomos recebidos pelo monsenhor Robert W. Oliver, secretário da Comissão. Este departamento tem como função apresentar ao Santo Padre “as iniciativas mais oportunas para a proteção dos menores e dos adultos vulneráveis, de modo que se realize tudo o que for possível a fim de garantir que crimes como os que foram cometidos não voltem a repetir-se na Igreja. A Comissão promoverá, em união com a Congregação para a Doutrina da Fé, a responsabilidade das Igrejas particulares para a proteção de todos os menores e dos adultos vulneráveis” (Papa Francisco, Quirógrafo do Papa Francisco para a instituição da Pontifícia comissão para a tutela dos menores, 2014). Após a apresentação feita por Dom José Francisco Falcão em relação aos esforços de nossas dioceses para levar adiante as orientações do papa neste campo, iniciamos o diálogo no qual apresentamos nossas inquietações e dúvidas. Fomos orientados sobre o trabalho de prevenção nos Seminários. Tiramos algumas dúvidas ligadas à equipe de escuta das denúncias, segundo o documento papal “Vós sois a luz do mundo”. Dialogamos também sobre o drama vivido seja pela vítima, seja pelo pedófilo clérigo.
Obra da Igreja
Nosso dia se encerrou com uma calorosa recepção e jantar oferecido pelos membros da Obra da Igreja, instituição de direito pontifício, em Roma. São eles que se gentilmente se dispuseram a nos transportar aos vários locais de celebração e aos dicastérios mais distantes do local de hospedagem.
De modo geral, em todos os setores visitados até o momento, os seus oficiais têm seguido as orientações recebidas pelo papa Francisco para a visita ad limina: ouvir-nos mais que falar para saber de nossa realidade e como poder nos ajudar, além de recolher as experiências pastorais exitosas.
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Dom Moacir Arantes sobre o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida
O dicastério para os Leigos, a Família e a Vida é fundamental porque ele estabelece uma ponte entre o pensamento do Santo Padre com todos os bispos do mundo. É o pensamento da Igreja, do caminho da evangelização das famílias, é o pensamento da Igreja sobre o lugar e a atuação dos leigos e da defesa da vida. Então, a partir do dicastério, nós podemos ter uma compreensão daquilo que a Igreja Universal espera das Igrejas Particulares. Respeitando a autonomia de cada Igreja Particular, o dicastério propõe ações, ele propõe caminhos, ele oferece uma contribuição em nível de reflexão e de propostas pastorais que os bispos, segundo as suas necessidades, possam acolher e aplicar nas suas Igrejas Particulares.
O que eu destaco do encontro é que, a partir da nossa apresentação do regional, nós pudemos perceber na fala tanto do secretário quando do subsecretário do dicastério que nós estamos no caminho. É um caminho de conciliar diversa ações evangelizadoras, dos diversos setores que envolvem a criança, a pessoa idosa, os leigos, os casais, os movimentos dentro de um caminho de comunhão, de participação, de integração. Não é simplesmente agregar todas as forças dentro de uma estrutura, mas criar condições para que todos possam colaborar uns com os outros, mantendo a especificidade de cada ação evangelizadora, mas, ao mesmo tempo, mantendo a unidade das Igrejas Particulares e do próprio regional. Nós, ali, comentamos os trabalhos que tem sido desenvolvidos pelo laicato e de formação do laicato, também os movimentos e a Pastoral Familiar que trabalham a relação dos casais e, assim por diante. E ouvimos uma palavra de acolhimento dizendo que, de fato, estamos no caminho e que precisamos nos empenhar, ainda mais, na questão da juventude que é um grande desafio.
Dom Nélio Zortea sobre o dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral
O dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral busca cuidar do ser humano como um todo. A pessoa e todas as pessoas para que possam viver na dignidade e, por isso, esse dicastério tem essa preocupação de olhar o bem psicológico, o bem material, o bem físico, o bem espiritual para que a pessoa possa saborear da vida, viver com dignidade e no bom relacionamento com os outros. E também possa sentir o que em todas as missas nós repetimos tantas vezes: o dom da paz.
Este dicastério nós dá subsídios para ajudar toda a ação social, no cuidado das pessoas, no dinamismo das pastorais sociais no sentido de uma visão muito humana, uma visão participativa, uma visão integral, abrangente da pessoa e de todas as pessoas no cuidado que devemos ter porque se cuidarmos bem das pessoas, as pessoas vivem mais felizes. Se tiverem mais saúde, vivem mais alegres e mais motivadas para trabalharem. Se tiverem o pleno descanso, o sono tranquilo, isso traz a produtividade, a realização, a convivência. Tudo isso ajuda. Por isso, esse dicastério, extensivamente a todas as nossas pastorais sociais, possa ajudar em todas as atividades no sentido assim, não de confronto com os outros, mas ver tantas pessoas de boa vontade que querem ajudar na solidariedade humana. E aqui vale destacar o nosso povo goiano na abertura quem tem, sempre solidário, com tanto gesto de bondade, de carinho para com as pessoas necessitadas, para com os enfermos, para com os migrantes, para as pessoas que estão em tratamento de câncer, quanta solidariedade presente no nosso território goiano e também no Distrito Federal.
Dom Eugenio Rixen sobre o dicastério para a Nova Evangelização
De fato, o dicasterio para a Nova Evangelização é um novo organismo do Vaticano e ele que cuida, agora, da Catequese, da Iniciação a Vida Cristã. Ao bispo responsável desse dicastério, desse organismo, nós falamos da importância da vida cristã. Estamos esperando um novo Diretório que parece que ainda vai sair esse ano. Sugerimos um novo Sínodo sobre a Catequese, um Sínodo para o mundo inteiro. Então, tivemos uma conversa muito aberta, muito franca com os responsáveis desse Conselho.
Então, para o regional Centro-Oeste, destaco: continuar bem na formação dos catequistas, seguir as linhas que a própria CNBB propõe. Uma catequese que realmente ajude a fazer uma verdadeira experiência de Deus. Uma catequese que seja de iniciação à vida cristã. O próprio Papa, na “Alegria do Evangelho” coloca duas coisas importantes: o que ele chama de “Querigma”, o primeiro anúncio para as pessoas se apaixonarem por Jesus e o segundo, também uma palavra difícil, “Mistagogia”, que significa ajudar as pessoas a entrar no mistério de Deus, é procurar esse Deus. Portanto, esses são os dois objetivos da Catequese: Querigma e Mistagogia.
Dom José Francisco sobre o Pontifício Conselho para a Tutela de Menores
O Santo Padre Francisco criou esta Comissão como um órgão para aconselha-lo com propostas a serem aplicadas tanto na sede, Roma, como em todas as Igrejas espalhadas pelo orbe católico, medidas de proteção para os menores. Então, não é um órgão com poder deliberativo, mas de consulta a todas as Igrejas espalhadas no mundo inteiro com propostas que depois de analisadas, são apresentadas ao Santo Padre. É um organismo que auxilia o Papa a tomar decisões vinculantes em toda a Igreja. São sugestões para serem apresentadas ao Papa. Nesse sentido, é uma ajuda preciosa ao discernimento do bispo de Roma.
Foi uma reunião rica porque sugestões foram dadas, exemplos foram ilustrados pelo representante da Comissão, as ideias foram também colocadas, foi uma partilha muito enriquecedora. Eu creio que os bispos aqui presentes saíram primeiro, seguros de que o Papa tem uma solicitude imensa para com todas as Igrejas e para com os menores, todos os menores, não somente para com os menores católicos, mas todas as crianças da face da terra. Voltamos para no nosso regional seguro que a comunhão com o Papa, também neste assunto, é uma necessidade e, certamente, isso vai dar uma segurança muito grande para todas as famílias, todos os jovens, todas as crianças e também para todos os sacerdotes da Igreja.
Obra da Igreja
Os bispos rezaram as vésperas na instituição “Obra da Igreja”. Lá também eles jantaram. No final, dom Waldemar agradeceu aos responsaveis, em nome do grupo, pela grande ajuda que estão dando durante a visita com os traslados.
(Todos os depoimentos dos bispos foram colhidos pelo Pe. Eduardo Luiz de Rezende, auxiliar do correspondente oficial)