Caros irmãos,
Nos aproximamos mais uma vez do Dia de Finados, também chamado de Dia dos Fiéis Defuntos. Desde o século II, há registros, em antigas tumbas e lápides de tradições do início do Cristianismo, que indicavam que os cristãos rezavam pelos falecidos. No século V, foi separado um dia para orar pelos mortos que não eram mais lembrados e ninguém mais rezava. Mas foi no Século XI, durante o pontificado do Papa Leão IX, que foi criado um dia em que todos os fiéis deveriam orar aos finados. A data de 2 de novembro seria estabelecida durante o século XIII.
O Dia de Finados e a prática de a Igreja oferecer orações pelos fiéis que já faleceram nos remetem ao ponto central da nossa fé católica: a fé na ressurreição de Cristo, garantia da nossa própria ressureição. São Paulo escreve:
De fato, eu vos transmiti, antes de tudo, o que eu mesmo tinha recebido, a saber: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e, ao terceiro dia, foi ressuscitado, segundo as Escrituras; e apareceu a Cefas e, depois aos Doze. Mais tarde, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez. Destes, a maioria ainda vive e alguns já morreram. Depois, apareceu a Tiago depois, a todos os apóstolos; por último, apareceu também a mim, que sou como um aborto. (…) Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como podem alguns dentre vós dizer que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é sem fundamento, e sem fundamento também é a vossa fé. E se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem nenhum valor e ainda estais nos vossos pecados. Então, também pereceram os que morreram em Cristo. Se é só para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, somos, dentre todos os homens, os mais dignos de compaixão (1Cor 15,3-8.12-19).
A ressurreição de Jesus ocupa um lugar central na Sua vida e na fé da Igreja. Porque Jesus ressuscitou é que temos a certeza de que a morte não coloca fim na existência humana e que a dor e o sofrimento não têm a última palavra em nossas vidas. Porque o Senhor ressuscitou, podemos esperar que se morrermos unidos a Ele, podemos esperar também viver com Ele, na eternidade feliz, na comunhão com Deus e com os irmãos. Por isso, no Dia dos Fiéis Defuntos, rezando por aquele que faleceram e pedindo que o Senhor os acolha nas moradas eternas, a Igreja confessa a fé na ressurreição de Cristo e na nossa.
Por tudo isso, celebrar o Dia dos Finados, ainda que desperte a saudade e a comoção pela ausência física de alguém que amamos, deve ser celebrar a ressurreição e a vida eterna feliz com Deus. Ao mesmo tempo, devemos rezar para que nossos irmãos alcancem essa felicidade, que também nós desejamos experimentar um dia.
Dom Washington Cruz, CP
Arcebispo Metropolitano de Goiânia