Após o longo inverno da Quaresma, chegamos à Semana Santa. No domingo, 14 de abril, abrimos essa porta e começamos a viver os grandes acontecimentos da nossa fé, aquilo que nos move o ano inteiro no espírito do Cristianismo. A Semana Santa, como a conhecemos hoje, ficou assim definida no Concílio de Niceia, no ano de 325 d.C. É a semana de preparação para os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Embora seja a semana mais importante para a vivência dos mistérios da nossa fé, a Semana Santa não é de preceito. Os dias de preceito são quatro: Ano Novo, Natal, Corpus Christi, Imaculada Conceição. Na Semana Santa, de segunda a quarta-feira não há preceito, mas não existe um católico que não participe das celebrações na Quinta e na Sexta-feira Santa, e da celebração da Vigília Pascal no Sábado, porque ali está condensado o mistério pascal.
Durante a Semana Santa cabe aos cristãos evitar músicas barulhentas, pois é o nosso Mestre e Senhor quem vai morrer. Então, a partir do Domingo de Ramos, nós somos convidados a viver intensamente esta semana, pois, se eu vivi profundamente a Quaresma, devo viver mais ainda esta semana. Não é o momento de preparar a viagem, pois mais do que qualquer período do ano litúrgico, é para ser vivido na comunidade.
Quinta Feira Santa – Jesus Lava os pés dos discípulos e institui a Eucaristia
Na Quinta-Feira Santa pela manhã no mundo inteiro, se celebra a Missa do Crisma, também conhecida como Missa dos Santos Óleos, na qual acontece a Bênção dos Óleos dos Enfermos e dos Catecúmenos e a Consagração do Óleo do Santo Crisma, usado nos Sacramentos da Confirmação e da Ordem, ou seja, nas ordenações sacerdotais para ungir as mãos do neosacerdote e nas ordenações episcopais para ungir a cabeça do novo bispo. Ainda nesta celebração acontece a renovação das promessas Sacerdotais, em que padres renovam o seu compromisso presbiteral diante do bispo e do povo de Deus presente na celebração.
É o dia também em que se inicia o Tríduo Pascal com a Missa da Ceia do Senhor, Missa do Lava-Pés, Missa da Instituição da Eucaristia e Missa da Instituição do Sacerdócio. Essas três denominações estão corretas para esta celebração que marca três aspectos da espiritualidade, importantes para nós cristãos. Antes de ser preso, Jesus quis cear com seus Apóstolos e, durante a Última Ceia, ao abençoar o Pão e o Vinho e dizer: “Tomai todos e Comei, Tomai todos e Bebei”, Jesus institui a Eucaristia, maior sinal da fé católica. Depois erguendo-se na ceia, Jesus tomou um jarro e bacia e começou a lavar os pés dos discípulos mostrando claramente que ele viveu sua missão de servir e não de ser servido. Jesus nos deixou esse exemplo e nos chama a fazer o mesmo gesto de entrega e doação amorosa.
Com a saudação inicial dessa Missa da Ceia do Senhor se inicia uma grande “missa”, pois no final da Missa da Quinta-Feira Santa não se dá Bênção Final e na celebração da Paixão do Senhor acontece somente uma oração sob o povo. Essa bênção acontece no final da Vigília Pascal no Sábado Santo. Neste dia em que celebramos a Instituição do Sacerdócio somos convidados a rezar por nossos padres, para que sejam de fato segundo o coração de Jesus.
Sexta Feira Santa
A Sexta-Feira Santa para os cristão é o dia mais triste do ano, é o dia da Paixão e Morte de Jesus. Neste dia em algumas paróquias acontece a Via-Sacra, que é relembrar os passos de Jesus e sua Via Crucis.
Às 15 horas do mesmo dia nós temos a Celebração da Paixão de Jesus e a adoração da Santa Cruz, literalmente a adoração da Santa Cruz e devemos ter na consciência que não estamos adorando um pedaço qualquer de madeira, mas a Cruz que foi banhada pelo sangue de Cristo e impregnada pelo sangue do Redentor. Não adoramos a madeira, mas o sangue de Cristo.
São Paulo na carta aos Colossenses diz: “Completo na minha carne o que faltou na Cruz de Cristo”, Nosso Senhor Jesus Cristo na Cruz dá sentido ao nosso sofrimento, Jesus não sofre por masoquismo, ou sofrer por sofrer, mas para nos salvar, para redimir os nossos pecados, é um sofrimento redentor.
Coleta para os lugares Santos
Dentro da Celebração da Paixão acontece as Orações Universais as quais devemos rezar sempre, mas como estamos na Semana das Semanas elas se tornam mais solenes.
Acontece dentro da celebração da Paixão a coleta para os lugares Santos. O dinheiro arrecadado é utilizado para vários fins e confiado a algumas instituições, como a Custódia Franciscana, encarregada da manutenção dos Santuários nos Locais Sagrados e de estruturas pastorais, educativas, assistenciais, de saúde e sociais.
Uma contribuição anual é destinada ainda à Assembleia dos Ordinários Católicos da Terra Santa para a missão indispensável de coordenação e promoção da presença eclesial. Outras comunidades eclesiais católicas, sejam latinas e orientais, também recebem parte da Coleta, assim como famílias religiosas masculinas e femininas.
Os territórios contemplados com a Coleta da Sexta-feira Santa são: Jerusalém, Palestina e Israel; Jordânia, Chipre, Síria, Líbano, Egito, Etiópia e Eritréia, Turquia, Irã e Iraque.
Sábado Santo
As vezes as pessoas acham que no Sábado Santo não acontece nada, mas é neste dia que Nosso Senhor Jesus Cristo desce à mansão dos mortos para poder salvar todos aqueles que morreram em estado de justiça antes dele, Jesus desce à mansão dos mortos para levar luz àqueles que esperam a sua chegada. É um dia doloroso para Maria, porque ela vivenciou todos os momentos: a prisão dele, os caminhos da Cruz e quando Jesus morreu, ela o teve nos braços, mas quando ele foi sepultado, Maria volta para casa e a casa está vazia, só tem ela e para que possamos entender esse sofrimento de Nossa Senhora, precisamos pensar em quanto doí sepultar alguém querido e ter a sensação de chegar em casa e ver que a pessoa não está mais ali.
Durante o dia, no Sábado Santo, vivemos em clima de Luto, pois Nosso Senhor está morto, e não devemos fazer festa e nem ouvir música do mundo, e sim nos colocar em atitude de reflexão, pois Jesus derramou o seu sangue para redimir nossos pecados.
No Sábado Santo em que Nosso Senhor Jesus Cristo passou da morte à vida, a Igreja convida seus filhos dispersos por toda a terra a se reunirem em vigília e oração. Se comemorarmos a Páscoa do Senhor ouvindo sua palavra e celebrando seus mistérios, podemos ter a firme esperança de participar do seu triunfo sobre a morte e de sua vida em Deus.
Com a Bênção do Fogo Novo é acendido o Círio Pascal, a Luz de Cristo que brilhará sobre o mundo. O Círio significa Cristo ressuscitado e permanece aceso em todas as celebrações durante o tempo Pascal e fora do tempo quando acontecer nas paróquias as celebração dos Sacramentos do Batismo ou da Confirmação.
Na celebração da Vigília Pascal acontece a proclamação da Páscoa, este solene momento em que se canta o “Glória à Deus nas altura e paz na Terra aos homens por ele amados”. Ainda nessa celebração somos convidados a fazer a Profissão de Fé e depois renovar as Promessas Batismais, onde reafirmamos nossa fé e o nosso compromisso batismal.
Domingo de Páscoa – O Senhor ressuscitou, aleluia! Aleluia!
Certamente a Ressurreição de Jesus foi algo que extrapolou o imaginário, a racionalidade dos discípulos. Não se tinha ainda informações de alguém que tinha ressuscitado, ele foi o primeiro e para os discípulos isso foi uma novidade, uma surpresa, por mais que eles acreditassem no projeto de Jesus, por mais que eles tivessem entendido que Jesus pregava um reino que deveria vir, milagres, sinais realizados que eram extraordinários que não se encontravam em qualquer lugar, mas nada disso se podia comparar com a Ressurreição e, por isso, os discípulos se surpreenderam e levaram tempo para acreditar. Os primeiros relatos das aparições de Jesus, como o de Tomé, mostram o espanto dos discípulos, mostra que não foi algo natural para eles compreender que Jesus estava vivo. O acontecimento foi tão grandioso que era impossível crer logo de primeira, era preciso um tempo, fazer a experiência do Ressuscitado para poder acreditar. Então, Jesus aparece para Tomé e são interessantes o diálogo e a forma como Jesus conversa com ele: “não sejas incrédulo, coloque sua mão aqui”. Isso é um sinal que mostra que a Ressurreição é real, Jesus está vivo em corpo e alma, não é um espírito desencarnado que aparece para Tomé e os discípulos, é Jesus, o próprio Senhor. Portanto, o Tempo Pascal é, por excelência, o período de fazermos a experiência da presença viva, real de Jesus no nosso meio, pois, Ressuscitado, ele caminha conosco, está presente na vida da Igreja.