Papa na JMJ: um coração misericordioso não se deixa levar pela comodidade

 

O ponto alto das atividades do Santo Padre, na tarde desta quinta-feira (28), em terras polonesas, foi a cerimônia de boas-vindas no Parque Jordan, na esplanada de Błonia, em Cracóvia.

Após ter recebido as chaves da Cidade de Cracóvia, por parte do prefeito, na praça diante da sede do Arcebispado, o papa se dirigiu de papamóvel a Błonia. Antes da chegada de Francisco ao parque, os jovens da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) se preparam com momentos de oração e reflexão sobre o tema: “Chamados à santidade”.

A seguir, os representantes dos países participantes da JMJ desfilaram com suas bandeiras e as figuras das “testemunhas da misericórdia”, que representam os diversos continentes do mundo: São Vicente de Paula (Europa), bem-aventurada Madre Teresa de Calcutá (Ásia), Santa Maria McKillop (Austrália e Oceania), São Damião de Veuster de Molokai (América do Norte), e a bem-aventurada Irmã Dulce (América do Sul).

Por fim, com a chegada do papa, o arcebispo de Cracóvia, cardeal Stanislaw Dziwisz, fez seu discurso de boas-vindas a Francisco e aos milhares de jovens que participam desta 31ª Jornada Mundial da Juventude. Depois de uma encenação dos jovens e da leitura do episódio evangélico de Marta e Maria, o pontífice tomou a palavra e disse: “Finalmente encontramo-nos! Obrigado pela calorosa recepção! Agradeço ao cardeal Dziwisz, aos bispos, aos sacerdotes, aos religiosos, aos seminaristas e a todos aqueles que os acompanham. Obrigado aos que tornaram possível a nossa presença aqui. Agradeço de modo especial a São João Paulo II que sonhou e deu impulso a estes encontros da juventude. Do céu, ele nos acompanha, sobretudo os tantos jovens pertencentes a povos, culturas, línguas diferentes”.

Os jovens, disse Francisco, são animados por um único motivo: celebrar Jesus, vivo no meio de nós, que renova o nosso desejo de segui-lo, de viver com paixão o seu seguimento. E perguntou: “Qual ocasião melhor para renovar a nossa amizade com Jesus e entre nós, reforçar nossa amizade com ele e partilhá-la com os outros? Qual maneira melhor para viver a alegria do Evangelho e com ele contagiar o mundo, em meio a tantas situações dolorosas e difíceis?” E respondeu: “Jesus nos convocou para esta 31ª JMJ e nos diz: ‘Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Felizes os que sabem perdoar, ter um coração compassivo, dar o melhor de si mesmos aos outros. Nestes dias, a Polônia está em festa e representa o rosto sempre jovem da misericórdia. Unidos espiritualmente aos jovens que não puderam estar presentes, celebramos a nossa Jornada e a Festa Jubilar”.

Hoje, acrescentou o papa, a Igreja quer aprender, com vocês, renovar a sua confiança na misericórdia do Pai, que tem o rosto sempre jovem e não cessa de nos convidar para segui-lo. Por outro lado, Francisco frisou que “o rosto da misericórdia é jovem”.
Um coração misericordioso, afirmou, não se deixa levar pela comodidade; sabe ir ao encontro dos outros e abraçar a todos; sabe ser refúgio, acolhedor e capaz de compaixão; sabe partilhar o pão com o faminto; sabe receber o refugiado e o migrante. Misericórdia significa oportunidade, futuro, compromisso, confiança, abertura, hospitalidade, compaixão, sonhos.

Partindo da sua experiência pessoal, Francisco expressou sua tristeza por ver certos jovens que parecem “aposentados”, que se arrendem, são desanimados e apáticos, que buscam falsas ilusões. A força para vencer todos os obstáculos da vida, recordou o pontífice, vem de uma pessoa: Jesus Cristo. Ele nos leva a dar o melhor de nós mesmos, nos interpela, nos convida e ajuda a reerguer-nos e nos impele a levantar o olhar para o céu.

Aqui, o papa se referiu à passagem evangélica de Marta, Maria e Lázaro, que acolhem Jesus em sua casa. Às vezes, disse, as nossas lidas nos fazem agir como Marta: ativos, distraídos, sempre atarefados; outras vezes somos como Maria: refletimos, ouvimos. E acrescentou: “Nestes dias da JMJ, Jesus quer entrar em nossa casa; dar-se conta das nossas preocupações, da nossa pressa, como fez com Marta… e espera que o escutemos como Maria: que tenhamos coragem de confiar nele. Que estes sejam dias dedicados a Jesus, à sua Palavra e àqueles que refletem o seu rosto”.

A felicidade, afirmou o pontífice, germina e desabrocha na misericórdia. A misericórdia, repetiu, tem rosto jovem, como o de Maria de Nazaré, a “Mãe da misericórdia”. E concluiu convidando os jovens a rezarem com ele: “Peçamos ao Senhor que nos lance na aventura da misericórdia, na aventura de construir pontes e derrubar muros e barreiras de arame farpado; na aventura de socorrer os pobres, os excluídos, os abandonados, os desesperados, os idosos. Eis-nos aqui, Senhor! Enviai-nos para partilhar vosso Amor Misericordioso. Queremos acolher-vos nesta JMJ e confirmar que a vida é plena quando é vivida com misericórdia”.

Com este discurso, o Santo Padre concluiu seu segundo dia de permanência em terras polonesas. Recordamos que, após o jantar, o papa vai aparecer à janela da sede do arcebispado de Cracóvia para saudar os fiéis e os jovens presentes na praça. Está prevista a presença de um grupo de casais e de recém-casados.

Fonte: Rádio Vaticano