11/2: Encontro com o Papa Francisco é a principal atividade dos bispos

Os membros do regional Centro-Oeste da CNBB têm como principal compromisso nesta terça-feira, 11 de fevereiro, o encontro com o Papa Francisco. Os bispos e administradores diocesanos cumprem, assim, um dos principais objetivos da Visita Ad Limina, que na linguagem da Igreja significa “ver Pedro”. O Papa recebe o episcopado em salas especiais do Palácio Apostólico, aquele prédio que se pode ver da Praça São Pedro e do qual, em uma de suas janelas, ele fala durante o “Ângelus”, todos os domingos. Durante o encontro, um dos bispos vai falar em nome do grupo e todos ouvirão uma palavra do Santo Padre. Em seguida, todos poderão saudá-lo pessoalmente.

 

Segunda-feira

Os bispos tiveram um dia cheio no começo das visitas aos departamentos da Santa Sé, nesta segunda-feira, 10 de fevereiro. Antes de se dirigirem aos dicastérios, eles celebraram juntos numa das mais bonitas basílicas de Roma, a de Santa Maria Maior. Ela fica no topo do Monte Esquilino e foi construída no século V. Hoje, é um dos pontos mais visitados da chamada Cidade Eterna, também pelo fato de se localizar entre a principal estação de trem e o famoso Coliseu. Santa Maria Maior tem recebido uma atenção especial do Papa Francisco. Todas as vezes em que ele tem uma viagem internacional, antes de partir e depois que retorna, passa pela Basílica para rezar aos pés do altar onde se encontra exposto um ícone de Nossa Senhora, chamado Salus Popoli Romani. Neste mesmo altar, a comitiva do Centro-Oeste celebrou a Eucaristia.

Dom Carmelo Scampa, bispo emérito de São Luís de Montes Belos (GO), presidiu a celebração. Na homilia, ele disse: “Iniciamos a nossa visita, praticamente hoje, confirmando o nosso desejo e o desejo de nossas Igrejas Particulares de caminhar em comunhão com Pedro e sob a orientação dele, fazendo do nosso serviço pastoral, serviço concreto de evangelização e de verdade ao que a Igreja nos pede para fazer crescer. Ao celebrarmos, iniciando essa visita, aos pés de Maria, a Mãe de Deus, isso nos ajuda a dar um toque e um sentido marial ao nosso ser Igreja. Frisando, com muita ênfase, em nossa ação pastoral ordinária, a misericórdia, a acolhida, a capacidade de ter um coração de mãe que vai muito além das situações, às vezes, complicadas e confusas que temos que enfrentar no dia a dia. Que esta celebração por isso, aqui aos pés da Salus Popoli Romani, nos ajude a sermos uma Igreja de coração materno para podermos, de fato, levar o Deus da misericórdia a todos nossos irmãos e irmãs que a Providência nos entregou e nos confiou”.

Congregação para o Clero

O primeiro departamento da Santa Sé visitado na manhã da segunda-feira foi a Congregação para o Clero que, segundo o padre Francisco Agamenilton, Administrador Diocesano de Uruaçu (GO) e correspondente do regional, “é o departamento que ajuda o Papa em tudo aquilo que diz respeito aos padres e diáconos diocesanos: a pessoa do ministro, o exercício do ministério pastoral e o sustentamento. Este departamento se ocupa da formação dos padres, quer na sua fase inicial, isto é, no Seminário, quer depois de ordenados. É aqui também que se lida com a disciplina de vida dos padres e diáconos. Quando um padre deixa de exercer o ministério e quer a dispensa do estado clerical, é a este departamento do Vaticano que o padre deve recorrer, principalmente para se casar na Igreja, caso tenha constituído família. Outra ocupação deste setor é a questão da administração dos bens eclesiásticos pertencentes às pessoas jurídicas públicas”.

O responsável para falar em nome do regional foi dom José Aparecido, bispo auxiliar de Brasília (DF). Respondendo ao padre Eduardo Rezende, logo depois do encontro ele declarou o seguinte: “nós fizemos algumas perguntas, alguns pedidos de esclarecimentos sobre questões que são correspondentes ao dicastério. Por exemplo: as questões sobre os padres que deixaram o ministério ou deverão deixar o ministério por razão disciplinar, especialmente os padres com prole; a questão da vida e do ministério dos presbíteros e dos critérios para o ingresso no seminário e uso de algumas faculdades especiais no caso de presbíteros que já deixaram o ministério, que já deixaram a vida sacerdotal mais não pediram uma regularização. Então, foram coisas colocadas no sentido de esclarecer a missão do bispo, com auxílio da Santa Sé, dentro das competências do dicastério, inclusive das competências de caráter patrimonial porque o dicastério regula a aplicação das leis canônicas na gestão do patrimônio da Igreja”.

 

Congregação para a Doutrina da Fé

O Cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de Brasília, representou o grupo do regional na visita a Congregação para a Doutrina da fé, a terceira atividade da parte da manhã de segunda-feira. Ele explicou a importância daquele departamento: “na Igreja, nós temos uma preocupação muito justa com a pastoral e a pastoral na Igreja, nós podemos dizer que é a fé vivida. A fé colocada em ação em iniciativas pessoais e comunitárias. Mas, a fé que é vivida pastoralmente, a fé que é vivida na evangelização da Igreja pressupõe outros momentos. Por exemplo, o da fé rezada, a fé celebrada, a fé alimentada pela celebração e pela oração. E é claro que ambas exigem a fé professada, fé testemunhada, a fé que nós professamos. O ‘Creio’ da Igreja. Por isso que a doutrina tem sua importância imensa, isto é, nós não podemos pensar a fé somente no campo litúrgico ou então pastoral, ela também precisa do devido aprofundamento, da devida sistematização, isto é, ela precisa ser, na verdade, refletida, aprofundada, conhecida para que a gente possa testemunhar, celebrar e viver. Então, a Congregação para a Doutrina não é uma Congregação que trata de um campo que não tenha a ver com a vida do dia a dia, não tenha a ver com a pastoral, que não tenha a ver com celebração. É o contrário, ela nos ajuda a fundamentar, ela ajuda a iluminar, orientar o modo como nós vivemos a própria fé. Então, é muito importante nos dias de hoje conhecer a verdade que é Cristo, conhecer a verdade que é a Palavra de Deus, conhecer a verdade que está na Tradição da Igreja, no Magistério da Igreja porque nós precisamos anunciar e testemunhar essa verdade que é Cristo, que é o Evangelho. A Congregação para a Doutrina tem essa importância muito grande para os bispos, para a Igreja hoje porque nós precisamos, sim, do conhecimento da verdade, do conhecimento da fé para viver e testemunhar a própria fé em nível pessoal e comunitário”.

Sobre o que foi tratado no encontro, o cardeal disse: “aquilo que nós tratamos, o que nós ouvimos na Congregação para a Doutrina da Fé não se dirige unicamente a nós, mas é claro para nós tem uma importância muito grande. O que é que nós levamos no coração para continuar a viver cada vez mais? Primeiro, um esforço muito sincero de comunhão com a Sé Apostólica, com a Santa Sé. Com o Papa primeiramente, mas com as diversas congregações que estão a serviço da Igreja. Então, queremos sim, cada vez mais, viver essa unidade. E sobretudo, procurando escutar e discernir juntos. O que nós fizemos hoje, na reunião, foi um exercício de escuta e de discernimento conjunto. Claro que cabe ao bispo local, a Igreja Local por em prática as orientações, as normas que aqui vamos ouvindo. Mas, é muito importante ter sempre esse coração aberto para a escuta daquele que é sucessor do Apóstolo Pedro, que é o nosso caríssimo Papa Francisco, mas também daqueles que trabalham com ele”.

Dom Sergio prosseguiu: “nós queremos levar para as nossas Igrejas, a partir desse encontro na Congregação para a Doutrina da Fé, um esforço, um empenho ainda maior em divulgar, em tornar conhecida a fé, sobretudo que se encontra resumida no ‘Creio’ da Igreja. Nós falamos, cada vez mais, da importância, da necessidade de dar as razões da fé. Por quê? Porque nós vivemos num mundo que é preciso não só dizer que nós cremos, mas fundamentar, expressar, o mais possível, as razões da nossa fé. Então, isso deve ser uma tarefa constante. A catequese, de modo especial, as pastorais, de modo geral, a evangelização, a missão da Igreja devem ter sempre presente a necessidade que temos de dar as razões da nossa fé, conforme a Carta de São Pedro, conforme o próprio ensinamento da Igreja, para que as pessoas possam seguir a Cristo, participar da Igreja, de maneira consciente, de coração, envolvendo toda a sua vida”.

Padre Agamenilton descreveu o encontro desse modo: “Fomos acolhidos pelo cardeal Ladaria, responsável por este departamento da Santa Sé, e seus colaboradores. Falamos de temas como as peregrinações à Medjugorje e a validade do batismo de outras igrejas cristãs. Nesta visita pudemos recordar e aprofundar o procedimento que o bispo deve realizar em relação às denúncias de abusos de menores e pessoas vulneráveis cometidos por clérigos”.

 

Secretaria para a Comunicação

O principal compromisso na parte da tarde da segunda-feira foi a visita à Secretaria de Comunicação da Santa Sé. Pe. Agamenilton resumiu assim a identidade desse departamento: “o dicastério para a Comunicação foi criado pelo Papa Francisco em 2015. Ele reúne todo o sistema de comunicação da Santa Sé; por exemplo: a rádio Vaticana, o site, o portal de informações, serviço fotográfico e o jornal L’Osservatore Romano. Uma das particularidades deste setor é que ele é dirigido por um leigo: Paolo Ruffini, ao contrário dos demais dicastérios dirigidos por cardeais”.

Quem ficou responsável pela palavra em nome do regional neste departamento de comunicação foi o bispo auxiliar de Goiânia (GO), dom Levi Bonato: “a importância desse dicastério, como nós ouvimos lá na reunião de hoje, é que a partir de 2015, houve essa fusão dos meios de comunicação da Igreja para melhorar, evidentemente. Papa Francisco quis que fosse feito uma junção dos diversos setores da cuidavam da comunicação na Igreja e isso foi feito. E, de fato, isso deu mais unidade a comunicação dentro da Igreja. Agora, todo mundo, digamos assim, fala ‘a mesma língua’. Isso é uma coisa muito importante na Igreja porque estão divulgando a voz do Papa. Nós ouvimos lá hoje que eles são responsáveis para cuidar a da voz do Papa. Eles têm esse domínio da voz do Papa, da comunicação e daquelas mensagens que o Papa quer transmitir”.

Dom Levi ainda considerou: “de fato, no mundo moderno, no mundo de tanta comunicação, no mundo onde as comunicações são muito rápidas este dicastério, cada vez mais, assume uma importância maior dentro do mundo e, principalmente, dentro da Igreja. Nós vimos que além de ser um dicastério de pessoas muito competentes, é um dicastério muito grande. Há um grande número de pessoas que lá trabalham. Então, vamos dizer assim, é uma evolução do que a Rádio Vaticano fez até agora. A Rádio Vaticano sempre foi um meio de comunicação muito importante para a Igreja, só que agora, digamos assim, ela tem várias frentes, todas elas estão baseadas lá no dicastério da comunicação. Este discastério, então, como eles mesmos falaram, está cada vez mais importante, cada vez mais vai ter que se aperfeiçoar porque as mudanças tecnológicas são muitas e eles precisam se adaptar aos tempos modernos”.

Padre Agamenilton agregou mais informações sobre esse encontro no qual dom Levi teve a palavra. Ele escreveu: “Fomos recebidos pelo seu responsável, o senhor Paolo Ruffini, e sua equipe. O senhor Paolo nos apresentou os princípios que nortearam a transformação vivida pelos meios de comunicação no Vaticano: mais que repensar a estrutura funcional, foi importante repensar o processo comunicativo da Igreja com os seus membros e com o mundo. Notamos o grande esforço da Santa Sé de trabalhar em rede e o desejo de tornar conhecido ao mundo as boas histórias vividas por nossos católicos brasileiros. O dia se encerrou com a visita aos estúdios da Rádio Vaticano guiada por Silvonei José, jornalista brasileiro e responsável pelo serviço em língua portuguesa da Rádio Vaticano”.